quinta-feira, 26 de maio de 2011

A volta

Antes de fazer um ano sem postar nada, aqui estou eu.
Ideias, muitas ideias eu tive. Talvez textos melhores do que os que estão aqui, porém foram poucas as vezes que eu parei para tentar escrever, e nessas poucas vezes o máximo que saiu foi uma linha.
É pela correria do dia a dia? É pela falta de inspiração? É pela falta de sentimento?
Eu não sei! Não sei mesmo.
Mas cá estou eu, escrevendo o que me vem a cabeça.
Escrever exige sentimento, 'ô se exige'.
Acho bonito quem escreve e passa sentimento.
Quem fotografa e passa sentimento.
Quem filma e passa sentimento. Tudo bem que neste é mais fácil, eu penso.
Ler um texto, os de estilo sentimento/emoção, para mim tem que despertar essa percepção.
É como a música. Já parou para pensar como é engraçado ouvir uma música hoje e achar sem graça. No entanto, ouvi-la amanhã e esta passar a ser a música da sua vida? Do seu momento pelo menos?
Ouvir e sentir; ler e sentir; viver e sentir.
Será que estou sendo hipócrita de falar em viver e sentir? Será que eu realmente sinto? Sinto? Sinto muito?
Estou tentando...
Sentir.
Não racionalizar. 'Racionalizar para não racionalizar', como eu e um amigo chegamos a conclusão.

Não sei sentir, não sei ser humano, não sei conviver de dentro da alma triste, com os homens, meus irmãos na terra.
Não sei ser útil, mesmo sentindo ser prático, cotidiano, nítido.
Vi todas as coisas e maravilhei-me de tudo.
Mas tudo ou sobrou ou foi pouco, não sei qual e eu sofri.
Eu vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos.
E fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse.
Amei e odiei como toda gente.
Mas para toda gente isso foi normal e instintivo.
Para mim sempre foi a exceção, o choque, a válvula, o espasmo.
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto demais ou de menos. Seja como for a vida, de tão interessante que é a todos os momentos, a vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger, a dar vontade de dar pulos, de ficar no chão, de sair para fora de todas as casas, de todas as lógicas, de todas as sacadas e ir ser selvagem entre árvores e esquecimentos.

Álvaro de Campos

Sinto? Sinta? Seja? Sinta?

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